quarta-feira, 14 de maio de 2008

Caminho da Fé, dia 2






Eu tinha acabado de comer um biscoitão amassado com mortadela, estava uma delícia, Du.




Vamos lá de novo.



Dia 2 de maio.



Acordamos as 4:45 horas da matina. Ao som de um apito??? Não, ao som de uma gaita, que se fosse engolida pelo músico como muitos desejaram, não desceria redonda como uma skol.



Embora não acreditássemos, fomos levantando aos poucos, espichando o corpo após os 117 km do dia anterior. O café da manhã só chegou as 6 e tanto, pouco adiantando a nossa madrugada. Partimos, desta vez com destino à metrópole Consolação (1600 habitantes). A pedalada ia transcorrendo normal, com todos os integrantes no pedal. Muitas descidas e subidas, mas todas pedaláveis, excessão ao nosso amigo veterano Poli, que não conseguia engatar a coroinha (sem sentido pejorativo). Mas foi herói, e conseguiu seguir adiante. Perdi uma de minhas caramanholas, mas meu querido filho Pedro que vinha para traz a encontrou.



Subimos a segunda grande serra ( a primeira foi a dos Lima), antes de chegar em Tocos de Mogi. Nessa altura, meu grupo era formado por mim (óbvio), Paulo Fechadura, Du e Pedro. O Tenda e o Reginaldo seguiam na frente. Vencemos a serra, e tentamos imaginar o visual, já que o tempo estava muito nublado. Mesmo assim muito bonito, sensação de lugar esquecido no tempo, sertão. Seguimos adiante e encontramos o Tenda com o pneu furado e o Rginaldo consertando. "Pega a câmara, Tenda." "Não tenho." "Então pega as ferramentas para trocar o pneu." "Não tenho, falaram que o Gijo ia dar assistência." Reginaldo já sem paciência : "Então fica esperando o Gijo." Mas como a boa alma não nega, acabou trocando o pneu para o Tendinha.



Seguimos então juntos até Tocos do Mogi, onde todos se reuniram, e fizemos um bom lanche. E aí o que estava tardando aconteceu. Começou a chover tão logo saímos de Tocos do Mogi, aliás saída que já é em subida. E daí para frente só poesia. Muita chuva, muita lama, correntes travando, coroa pequena não entrando nas subidas, estava difícil. Estávamos em um grupo eu, o Pedro, o Paulo, o Du e o Douglas. Um outro grupo formado pelos vulcanos Tendinha, Marcelinho e Carlos e os Bikessauros Rodrigo, Ronaldo, Luizão e Lucas seguiam na frente. Poli, Chaleira e mais um (não lembro se o João ou o Marquinho) vinham para trás. E OS OUTROS ???. Bem , Dom Luciano estava no carro de apoio, após uma boa pedalada. Mas o Valdir, o Felipe, o Moacyr, o Gijo e mais um, esperaram a chuva engrossar e não tiveram coragem de molhar o lombo. Fretaram uma van e passaram por nós quando passávamos detergente nas correntes das bikes antes da serra de Estiva, para tirar a graxa velha (e deu certo). Cheios de graça, e secos, seguiram adiante. Mas a van da Fé, como eles batizaram, não rompeu um dos topes, a cerca de 10 km de Consololação. Faltou fé. Tiveram que sair na chuva, com as bagagens que haviam tirado da caminhonete, com uma bike a menos (Moacyr foi correndo com a mochila, grande heroísmo) e com o jeito de pinto que sai debaixo da asa da galinha quando chove, rumaram para a pacata Consolação, para tentar um consolo. E nós todos que pedalamos, de alma lavada de tanta chuva, lavamos a alma novamente ao saber do ocorrido.


Meu grupo pedalou muito e quando chegamos a Estiva não paramos. Chegando no cruzamento da Fernão Dias, resolvemos atalhar pela passarela de pedestres, em vez de fazer o retorno 400 metros abaixo. Do auto da passarela avistamos o grupo que estava a nossa frente, fazendo o tal retorno. Pronto, pensamos, íamos dar uma piaba neles, passar adiante. Chegando do outro lado, pegamos a pista da Fernão e pedalamos forte, para eles não nos alcançarem. E nem reparamos que estávamos errados. Andamos 8 km atoa e o que era só sorriso virou a maior cara de sem-graceza. Pegamos o caminho certo e conseguimos alcançar uns poucos remanescentes do grupo que julgávamos ter passado a frente, Carlos, Luizão e Lucas. Daí seguimos juntos, para enfrentar a serra do Caçador, da Consolação, da Reparação e por aí afora. Só sei que meu conceito de subida mudou, os desafios de antes ficaram pequenos e a cada etapa vencida, quando achava que tinha acabado, um novo tope crescia a minha frente, sempre disfarçado pela neblina. Venci todos para minha surpresa, sem descer da bike, menos o último que era o mais fácil, pois a corrente travou o pedivela e aí não teve jeito. Não adianta a gente se vangloriar muito, sempre tem uma rasteira.


Enfim, todos vencemos e chegamos a Consolação, exaustos, mas de alma gigante. Lavamos as bikes e fomos para a pousada, onde a noite o Gijo deu um jeito nas magrelas esgualepadas. Jantamos muito bem, alguns tomaram uma cerveja deliciosa e dormimos o sono dos cansados.


Foi um dia inesquecível.


André

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei, gostei, gostei!
Até parece um cinema falado, com direito à fantasia que nos reporta às sensações havidas no percurso!
Não custa lembrar que o carro de apoio, nesse dia, precisava de uma pessoa esperiente para orientar o motorista de primeira viagem. Missão: acertar o caminho e orientar os bikers a não se perder na neblina e no mato! Lá vai o subscrito a enfrentar a missão.
Na passarela de Estiva, houve dupla "cacata" com solução feliz. Sorte que a direção de Pouso Alegre foi tomada pelos ciclistas cegos e pelo carro de apoio. Ninguém viu as setas amarelas do caminho! Valeu como passeio extra.

Ciao. Luciano

Anônimo disse...

quem manda quererem correr de nós ...rsrsrs..... e nós correndo pedalando forte tentando pegar - só que nós estávamos no caminho certo !!!!

Reginaldo.

Anônimo disse...

Boa memória a sua André, pedalei tanto que derreti a minha, só me lembro mesmo é do misto quente de Tocos do Mogi que é feito no micro-ondas e amassado na chapa com o prato e tudo, hehehehe.

Eduardo.

Anônimo disse...

Excelente sua descritiva, parabéns. Aproveito para me desculpar pela caramanhola, por sorte nosso gde amigo Pedro a resgatou com sucesso. Abraço. Poli